domingo, 29 de janeiro de 2012

Stardust

Sabe a música Georgia on my mind, cousa mais bonita desse mundo, famosa pela versão do Ray Charles? É do Hoagy Carmichael.



Esse cara, que eu nem sei pronunciar o nome direito, fazia aquelas músicas americanas bonitas, de filmes antigos, de um tempo que ficou pra trás.

Quem é fã do filme Ghost World conhece esse tipo de trilha sonora. Até tem uma versão de Georgia on my mind no filme, by Vince Giordano and the Nighthawks, junto com outras músicas nessa linha.

Pois bem, o tal Hoagy Carmichael tem uma música que você precisa conhecer: Stardust. Abaixo, duas versões, uma com vocal e outra instrumental. Difícil dizer qual é a melhor.






Tem um pedaço da letra que diz:

"Leaving me a song that will not die
Love is now the stardust of yesterday
The music of the years gone by"

Hoady Carmichael fez uma canção que não vai morrer.











ps: além das versões dele, ainda existem interpretações de Frank Sinatra, Nat King Cole, Artie Shaw, Louis Armstrong e Ella Fitzgerald. Coisa pouca.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Wilco & Popeye - "Dawned On Me"



Depois da cerveja, da bicicleta, e da pipoca, Wilco e Popeye!

Pela primeira vez em 30 anos, com a mesma técnica tradicional de sempre, Popeye, Olívia Palito, Brutus & cia estão de volta, junto com o Wilco.



É o Beatles dessa geração.



ps: é só eu que fico achando engraçado o nome Popeye? Pop eye, capite?

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Wake up, a hard rain's a-gonna fall

"Everybody is talking about SOPA, PIPA, megaupload, Anonymous and Occupy
Bye bye bye bye


All we are saying
Is give peace a chance 


All we are saying
Is give peace a chance"








Além de ser parceria do Johnny Cash, Bob Dylan fez na década de 60 algumas músicas que ainda são bastante atuais - e é disso que tratam os clássicos. A Hard Rain's A-Gonna Fall foi escrita em 1962, no auge da Guerra Fria, falando sobre a questão da Crise dos Mísseis de Cuba





Várias décadas já se passaram, o contexto histórico de hoje é um pouco diferente, mas a canção continua atual. Não vai ter chuva de mísseis essa noite, mas tem muita coisa acontecendo e por acontecer. Acho que pode-se dizer que está começando uma garoa e as nuvens indicam que a chuva vai engrossar bastante. O Obama, que não é bobo, está vetando o projeto SOPA, mas movimentos como o Anonymous e o Occupy demonstram que a coisa chegou num nível de estresse muito grande. Nesse sentido vetar o SOPA é algo ínfimo.

Mas são tempos interessantes, também. É empolgante ver cidadãos comuns se engajando em campanhas pra mudar o mundo, Alan Moore no meio de um monte de gente com máscara do Guy Fawkes, hackers bulinando sites de majors e a arte que se faz tentando entender esse período. 

E aí entra o Arcade Fire na história.

Enquanto tem bandinha aí que briga contra a realidade, apoiando gravadora, tem gente que tenta entender o seu tempo. E mais do que simplesmente andar pra frente, também tentando (re)ler bem o passado recente, subvertendo sentidos e criando algo novo, de acordo com os nossos tempos.

Os caras e gurias do Arcade Fire não são leigos, não esbarram nas coisas por acaso, é bem provável que tem trabalho intelectual forte ali, com ranço acadêmico e tudo, mas o que importa é que escrevem como poucos o diário de bordo da distopia. 


Quem não se arrepiar com a "emenda" que eles fizeram entre a música famosa do Dylan e Wake up é porque tem vácuo no canto do peito, ou não entende o seu próprio tempo, como a bandinha aquela.










Pra terminar, um pequeno incentivo ao caos:



sábado, 14 de janeiro de 2012

Off the wall

Com a separação do casal indie Thurston Moore e Kim Gordon veio a sensação de que nada mais é seguro nesse mundo, ainda por cima carregando junto o final do Sonic Youth.

Imediatamente, como costuma ocorrer após as desgraças, surgiram piadas. A mais repetida era sobre quem ficaria com a guarda do Lee Ranaldo.

Pois bem, nem o Thurston Moore nem a Kim Gordon conseguiram a guarda do Lee Ranaldo, o guitarrista se emancipou em alto estilo:




Pena que o disco - between the times and the tides - só tem previsão para lançamento em março, queria ouvir mais disso.

Para download legal (e gratuito) da música e mais informações: Matador Records

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Venderam o Mestre dos Sonhos

O submarino não tá me pagando nada por esse post, tô dividindo o link só porque acho que pode ser útil pros comancheros que acabarem lendo isso aqui.

A barbada é a seguinte: são 4 livros do Neil Gaiman: Deuses Americanos, Lugar Nenhum, Sinal e Ruído e A tragédia cômica de Mr. Punch por R$49,90:

http://www.submarino.com.br/produto/1/24045154/colecao+neil+gaiman:+4+volumes




É bom lembrar que Deuses Americanos estava esgotado até pouco tempo atrás, tanto que paguei uns R$100,00 na minha edição, há uns dois anos. E valeu a pena, porque é um livro muito bom. Mistura road trip com suspense e fantasia, trabalhando muito bem com mitos do passado na contemporaneidade.









Lugar Nenhum eu achei ainda melhor que o Deuses Americanos. É o primeiro romance do Gaiman e um dos que eu mais gostei dele, acho que perde só pro Belas Maldições.

A narrativa parte de uma alegoria sobre um londrino comum, que um dia ajuda uma mendiga e acaba indo parar na "Londres de baixo", subterrânea, com leis diferentes e a cidade atuando como personagem. Tem toda uma atmosfera sinistra, é claramente um livro de fantasia, mas também pode render questionamentos maiores, sobre nossas escolhas na vida. O próprio título já entrega um pouco do que é o romance.



Sinal e Ruído e A tragédia cômica de Mr. Punch eu não tenho e não li, mas conheço bastante material do Gaiman e nunca peguei algum trabalho dele que tenha feito eu me arrepender de ter perdido tempo lendo.



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Edit:
O Leandro Rosa, da banda Han(s)olo, indicou também o livro A estrada da noite, de Joe Hill, escritor filho do mestre Stephen King. O nome original do romance é heart shaped box, como a música do Nirvana, e incia com citação do Alan Moore. Acho que é o suficiente pra instigar o leitor.

R$9,90 no  Submarino: http://www.submarino.com.br/produto/1/1935204/estrada+da+noite,+a

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Ana, dor e solidão


Fazia dois dias que seu cabelo começara a cair. Há uma semana Ana havia raspado a cabeça, ela mesmo, na frente do espelho, com uma dessas máquinas de cortar cabelo, que pegou emprestada com o primo João. Não gostou do resultado final, mas pensou que seria melhor assim, sem o choque de ver seus cabelos caindo em tufos.
A quimioterapia a deixava cansada, como se tivesse uma grande ressaca, mesmo sem ter bebido nada. Tenho que ser forte, ela pensava. Só os fortes sobrevivem. Mas Ana não sabia se sobreviveria.
É câncer, disse o médico, grave e direto. Ela tentou saber das opções, se tinha tratamento, quantos meses de vida. Benigno é bom?
Ana teve uma vida agitada. Gostava de festas, estava sempre alegre e se orgulhava de não dar a mínima para nada. Teve amantes. Vários. Toscos, machistas e arrogantes, mas bonitos - e ela sabia usar enquanto era usada. Hoje ela pensa se fez falta alguma intimidade maior, quem sabe alguém para segurar a mão nesse momento...
Mesmo sendo difícil ela tentava não se abater, mas uma vida inteira para acabar assim, sozinha, sem cabelos e chorando por qualquer coisa... Tenho que ser forte, ela pensava.
Hoje faz dois anos que Ana morreu. Nos últimos dias de vida ela pesava menos de 40 kilos e quase não conseguia mais se comunicar, mas, com suas últimas forças, ela conseguiu dizer que




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Escrevi esse conto em algum momento de 2010. Ontem achei ele perdido em uma pasta do meu computador e pensei que talvez esse não precise morrer inédito.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

The Doorbell Orchestra

Nos estertores de 2011, o  gol nos acréscimos.



O Régis Garcia não é centroavante trombador, mas depois do buenaço The Sorry Shop o cara ainda teve fôlego pra marcar mais um gol em 2011, com o inesperado projeto The Doorbell Orchestra. Ainda bem que ele não escuta o Celso Roth e não teve a cautela de um Santos enfrentando o Barcelona.

Se o The Sorry Shop era barulheira shoegazer, quase gauchão série B, o The Doorbell Orchestra é de uma delicadeza mezzo alt-country, futebol holandês de toque de bola, mezzo rock clássico - lembrando coisas como Magnolia Electric Co (principalmente na primeira faixa, a minha preferida).

The Doorbell Orchestra - The Back Track (2011) - You name it 01


O Régis chamou o projeto de brincadeira, e a coisa em si é realmente bem lúdica - além de oportunamente etílica -, permitindo a interação com o ouvinte que quiser participar fazendo letra e cantando (ele promete publicar, tá lá nas instruções, no soundcloud), mas acho que o The Doorbell Orchestra merece virar uma banda de verdade, tocando nos botecos e saloons da vida, seguindo os passos sagrados de Tom Waits e Uh Fabiano.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Best of 2011

Depois de discordar de tantas listas, resolvi voltar a blogar.
Começo aproveitando para dar minha opinião sobre os melhores discos de 2011, mas mais adiante haverão mais textos, normalmente do contra. Assuntos? política, futebol, religião, entretenimento e música, que é o que realmente importa.



Top 10 2011:

10 - STEPHEN MALKMUS AND THE JICKS - Mirror Traffic
Talvez seja o pior disco do Stephen Malkmus, mas mesmo assim tem ótimos momentos e é melhor do que a maioria dos lançamentos. Mostra também que o cara está evoluindo e não se prende em fórmulas (se fosse o caso o Pavement nunca teria acabado).
Só essa long hard book já vale mais do que a carreira inteira de muita banda.



09 - J MASCIS - Several Shades of Why
Nem só de barulheira e distorção vive o guitarrista/vocalista do Dinosaur Jr. Nesse disco J. Mascis deixou as jazzmasters de lado e mostrou com violão o quanto é bom compositor.
Com esse disco, ironicamente, J Mascis entra pro time do Lou Barlow e faz na carreira solo música melhor do que na banda de origem.



08 - EDDIE VEDDER - Ukulele Songs
O legal do Eddie Vedder é que ele não tenta ser mais do que é. E a simplicidade dos discos solo dele só fazem o cara ganhar mais simpatia.
De quebra ainda traz um pouco da voz da Cat Power em 2011, o que ganha a minha gratidão até o próximo disco ruim do Pearl Jam.



07 - SCREAMING TREES - Last Words The Final Recordings
Disco de sobras do Screaming Trees. Um bom esquenta pro próximo álbum do Mark Lanegan e a garantia de muita música boa, da melhor banda grunge de todos os tempos.




06 - GARY CLARK JR - Bright Lights ep
Hey Hendrix, olha o que ele faz!
Música torta pra tempos tortos, em linhas tortas.




05 -  FLEET FOXES - Helplessness Blues
Folk esquisito de fim de mundo. Mais um pro time dos que escrevem o diário de bordo desses tempos de distopia.
E como é bonito!



04 - ANNA CALVI - Anna Calvi
A artista revelação do ano. O que essa guria esquisita faz com a telecaster e a voz vai além da lógica quadrada que tentam nos ensinar.
Chupa, Adele!



03 - BLACK KEYS, THE - El Camino
No Brothers o The Black Keys chegou naquele mesmo ponto que o Wilco alcançou em YHF e A ghost is born. Qualquer cosia que viesse depois poderia ser considerado uma decepção.
El Camino é um baita disco. Não é melhor que o Brothers, mas mostra que os caras continuam evoluindo e que ainda vão queimar bastante antes de se esvanecerem.



02 - WILCO - The Whole Love
Jeff Tweedy e seus comparsas fazendo arte. Brilhante como sempre.
Chamaram de "dad rock". Pra mim soa mais como música de adulto, no melhor sentido possível, de gente querendo crescer.



01 - MIDDLE BROTHER - Middle Brother
Disco de estreia do supergrupo formado por gente do Dawes, Deer Tick e Delta Spirit. Música americana revista, distorcida e amplificada.







Completam o top 20 os bons discos de:
11 - THURSTON MOORE - Demolished Thoughts
Outro que largou a jazzmaster num canto e fez um baita disco de violão. Nem dá pra sentir saudade do Sonic Youth assim (mentira, não tem como aceitar o fim da banda).

12 - BUFFALO TOM - Skins
Até quando serão subestimados? Baita disco!

13 - ENGLISHMAN - Englishman
Um dos caras do The Scourge of the Sea mostrando que é bom de melodia.

14 - JESU - Ascension
Pesado, lento e esquisito. Tri bonito.

15 - STEVE CROOPER - Dedicated: A salute to the 5 royales
Rock velho e atual. Simples e complexo. Clássico e pós-moderno.

16 - SMITH WESTERNS - Dye It Blonde
O disco bom que o Teenage Fanclub não gravou. Lembra um pouco um encontro da carreira solo do Lennon e o Portugal, The Man (minhas maneiras de elogiar são esquisitas).

17 - TIMBER TIMBRE - Creep On Creepin' On
Oh, Canada! Obrigado mais uma vez.

18 - TOM WAITS - Bad as me
Conselhos de boteco, com participação do Keith Richards. Quem achar ruim merece ser empalado ouvindo Michel Teló.

19 - TWILIGHT SINGERS, THE - Dynamite Steps
Greg Dulli não para. Carreira solo, The Gutter Twins, a volta do Afghan Whigs, Twilight Singers... e tudo bom. O amigo do Mark Lanegan é o cara.

20 - WAR ON DRUGS,THE - Slave Ambient
Não sei como foi parar na minha pasta de downloads, mas ouvi e gostei. Lembra coisas boas do Yo La Tengo e tarde de gripe com sonhos esquisitos, morangos e solidão.


Also starring:

BLACK JOE LEWIS AND THE HONEYBEARS - Scandalous
BONNIE PRINCE BILLY - Wolfroy Goes To Town
BOOKER T. JONES -The Road From Memphis
DAWES - Nothing Is Wrong
DANGER MOUSE & DANIELE LUPPI - Rome
DEATH CAB FOR CUTIE - Codes And Keys
DECEMBERISTS, THE - The King Is Dead
KILLS, THE - Blood Pressures
LOW - C'mon
TV ON THE RADIO - Nine Types Of Light