sábado, 19 de maio de 2012

Manifesto contra os livros de jangadas

No capítulo 1 do livro Como e por que ler o romance brasileiro, Marisa Lajolo, a autora, se coloca em primeira pessoa, explicando porque consome esse tipo de literatura.

E a opinião dela é o exato oposto da minha:

Sou eu, Marisa Lajolo, professora titular de literatura na Unicamp. Antes de mais nada, porém, leitora fiel de romances. Finos ou grossos, com ou sem happy end, brasileiros e não brasileiros. Porém, muito mais os brasileiros. Afinal, os ingleses são ótimos, mas... são ingleses, for God's sake! Neles ninguém anda de jangada, faz oferendas a lemanjá nem beija de tirar o fôlego na esquina da avenida Ipiranga com a São João. (LAJOLO, 2004, p. 13)


Pois bem, eu não sou a Marisa Lajolo, ninguém se importa com o que eu falo e eu realmente não tenho 1/100 da importância e credibilidade que ela tem. Não sou nem professor titular de lugar nenhum. Mas vivo em 2012.

Parafraseando a intrigante senhora, já li bastante romance, mas não me considero fiel (hq é um gênero melhor, não tenho dúvidas) e não acho que os ingleses tenham como problema ser ingleses, pelo contrário, a maioria é universal e me fala melhor que qualquer sertão. Já romances brasileiros... Puta que pariu! como é ruim é ter que ler sobre jangada. Eu nunca andei de jangada. Nunca vi alguém andando de jangada. O Brazil pode ter sei lá quantas mil jangadas, com oferendas pra porras dos seres imaginários que quiserem, mas não me forcem a ler essas bostas. 

Epifania: o meu problema com a literatura brazileira é que ela é brazileira. Tirando dois romances do Fernando Sabino e um do Randall Neto não há nada mais de brazileiro na minha estante. Tenho uns 30 gaúchos e mais de 300 de fora do Brazil. A proporção é clara. 


E antes que venham as pedras no alvo errado, explico: com 29 anos, não sou bairrista radical, não é essa a questão. A questão é como dialogar com uma geração globalizada, que cresceu e vive em um mundo de contexto diferente, comendo sushi e tomando cerveja Budweiser (ou Guinness), assistindo campeonato de futebol europeu, vivendo em 2012, não em um mundo pré-moderno que já acabou faz tempo. 

Livro de jangada não nos diz nada!



quarta-feira, 16 de maio de 2012

Memphis Beat

Morreu o Donald "Duck" Dunn, um dos maiores baixistas que já existiu, e aqui nessa bosta de país ninguém deu a mínima. O Barcinski, muito mestre,  fez um texto bom sobre isso, mas de resto a famigerada imprensa musical calou ou seguiu falando merda sobre merdas como tecnobrega, nova mpb e rap. Foda-se o tecnobrega!

Deixando o amargor de lado um pouco, encontrei esse belíssimo vídeo do Donald "Duck" Dunn tocando com o Elvis. As imagens são editadas, mas a gravação conta de fato com o cara.





Baixista da Booker T and the MG's, ele era músico de estúdio da Stax, tocou com Elvis, Neil Young, Eric Clapton, Eddie Floyd, Muddy Waters, Levon Helm, Bob Dylan, Otis Redding, Jerry Lee Lewis e outros gênios.
Definitivamente não era pouca coisa.
Talvez o baixista mais importante que existiu.



Stax é foda. Memphis é foda.
Tenho que ir lá antes de morrer, tirar uma foto com a minha olympus trip 35.
Todo mundo que gosta de música devia prestar esse tipo de tributo.