sábado, 14 de julho de 2012

Yankee Hotel Foxtrot Tribute - A box full of versions

Dez anos de um disco outsider!

E essa é a nossa forma de prestar homenagem:





Músicas:
01 I am trying to break your heart (Fernando Bernardino - BA)
02 Kamera (Gru - RS)
03 Radio cure (Harmada - RJ)
04 War on war (Josephines - RS)
05 Jesus, etc. (The Prom Queen - RS)
06 Ashes of american flags (Foppa - RS)
07 Heavy metal drummer (The Sorry Shop - RS)
08 I'm the man who loves you (Trend - RS)
09 Pot kettle black (Benjamins - SP)
10 Poor places (Lestics - SP)
11 Reservations (Giancarlo Rufatto & Wilco Country Club - PR)


Textos:
01 I am trying to break your heart - Manoel
02 Kamera - Paulo Olmedo
03 Radio cure - Ana Paula Margarites
04 War on war - Luiz F
05 Jesus, etc. - JW
06 Ashes of american flags - Marcelo Costa
07 Heavy metal drummer - Carlos Eduardo Lima
08 I'm the man who loves you - Marcelo Urânia
09 Pot kettle black - Fernando Halal
10 Poor places - Freak
11 Reservations - André Takeda

Download só do encarte, com os textos



Ouvir:
http://soundcloud.com/yhftribute



Masterização: Bruno Pires

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A morte de um time outsider

O primeiro título que eu comemorei foi o do Campeonato Gaúcho de 1991. Eu tinha 9 anos, estava em Pelotas-RS no dia da final (15 de dezembro, 10 dias depois do meu aniversário) e o cauteloso empate em 0 a 0 serviu ao Inter, que tinha melhor campanha.

Era um Inter que tinha como principais figuras Fernández, Célio Silva e Simão, ou seja: sem craques. Um Inter que vinha de jejum feio, com o Grêmio tendo vencido os últimos 6 Gauchões. Pra mim isso não importava, a alegria de comemorar um título, mesmo um humilde regional, era algo incrível.

Em 1992 fomos Bi no Gauchão e acompanhei a vitória sofrida na Copa do Brasil, com gol de Célio Silva. A escalação eu sabia de cor, do poster da página central da Zero Hora que eu colei em um papelão e pendurei no fundo do guarda-roupas que era uma das paredes do meu quarto. Fernández, Célio Lino, Célio Silva, Pinga, Daniel, Márcio, Élson, Marquinhos, Caíco, Maurício e Gérson. Técnico: o "delegado" Antônio Lopes. Como sofri naquela Copa do Brasil... acompanhava os jogos na rádio, entre zumbidos e perda da frequência.



Depois disso não tive muito o que comemorar. Ídolos não faltaram: Caíco, Mazinho Loyola, Anderson Papoula, Enciso, Gamarra, André Doring, Fabiano Cachaça e Jesus Christian foram alguns. Muitos jogavam além do que podiam, com garra, entrega, motivação e alma. Muito perdemos motivados.

E isso era parte da coisa de ser colorado. A gente sabia (que ia) perder.

Torcer pro Inter era quase fazer parte de uma sociedade secreta. Era tarefa para obstinados, esquisitos, losers. Enquanto isso o Grêmio histórico de Fábio Koff e Felipão empilhava títulos. As gurias - malditas, sempre seguindo modinhas - eram todas gremistas.

O tempo passou, encontrei outras coisas para me interessar, em alguns momentos cheguei a não me importar com o colorado (Júnior Baiano e Joel Santana eram contra os meus princípios) e o Inter mudou.

Clemer e Fernandão não são a cara do Inter.
Mas sempre tinha um Renteria, um Índio, um Tinga. Sóbis carregando a bandeira.
E Gabiru. Só o Inter pra ser campeão mundial em cima do Barcelona com gol de Gabiru.


O problema foi que Clemer e Fernandão se multiplicaram. Veio Tite, Alecsandro, W. Mathias, Dorival, Sandro Silva... tô vendo a hora em que teremos um boleiro de moicano como ídolo. Triste.

E essa mudança aconteceu com a torcida, também. Parte da torcida do Inter hoje é igual a torcida do Grêmio da década de 90. Acabou a sociedade secreta.

Parte da torcida do Inter hoje odeia colorados. Falcão, Sóbis e Dunga, inexplicavelmente, são inimigos. É uma torcida arrogante, que defende apoio incondicional e alento, é elitista e começa a viver em um mundo paralelo.


Aí o Inter contrata Forlán.



Eu tenho camiseta (vermelha) do Urugay.
Eu tenho manta do Uruguay.
Diz a lenda (o Oldman, meu pai) que tenho um irmão no Uruguay.

Se tiver que escolher apenas uma seleção pra torcer, eu ignoro Alemanha e Itália e escolho o Uruguay, na falta da seleção do Rio Grande do Sul. O futebol deles me lembra muito o Inter que eu conheci.


E demorou a cair a ficha. Ainda não caiu, na verdade.
É surreal ver o craque da última Copa no Inter. Não faz sentido.

Mas faz sentido, tudo faz sentido, porque isso é um símbolo. O Inter hoje mudou de patamar.
A camisa 7, que já foi de Fabiano Cachaça, Tinga e Taison, agora será de Forlán. Gostei da ideia da direção, que vai fazer um ato com o mito Valdomiro entregando a camisa ao Forlán. Figueroa, o iluminado, já mandou mensagem: "@DiegoForlan7 bienvenido al mundo Colorado, llegas a un club que es un lujo. Un abrazo a tu padre, un gran amigo."

You have to learn how to die, if you wanna wanna be alive. O Inter que eu conheci, um time outsider, de torcedores obstinados, morreu hoje.

Mas segue vivo, um novo Inter, gigante, com o mundo todo pela frente.

O Inter morreu. Vida longa ao Inter!