domingo, 28 de abril de 2013

Você gostaria de ter um direito tratado como uma enquete?


O Clube dos Outsiders quer saber a opinião dos leitores e ampliar o debate sobre esse assunto tão polêmico que é o casamento entre evangélicos.

E você, é a favor do casamento de evangélicos?


Algumas opiniões coletadas na parada do ônibus, em Rio Grande - RS:

Dona Márcia, 38 anos, diarista: "Não. Eles podem influenciar os filhos a serem evangélicos."

Seu Jonas, 43 anos, comerciário: "Não. Eu amo os evangélicos, mas não concordo com suas práticas."

Daniele, 22 anos, auxiliar de escritório: "Sim. Desde que não possam adotar."

Lucas, 18 anos, estudante: "Sim. Desde que não seja comigo."

Jeremias José, 28 anos, cabeleireiro: "Não. Ninguém nasce evangélico. O evangelismo é uma escolha."


Participe você também! Vote (a enquete tá na coluna da direita, é só clicar) e comente!






Pra entender:
http://g1.globo.com/brasil/enquete/voce-e-favor-da-uniao-gay.html 

terça-feira, 23 de abril de 2013

Pessoa. The man

Será que Eddie Vedder é leitor de Fernando Pessoa?


Existem algumas pistas que provam que o português considerado o melhor poeta de todos os tempos pelo ILYPE (Instituto Luiz Young de Poesias Espetaculares - se lê ai lipe) tem influência na obra musical de Eddie Vedder & cia.


Vejamos esse pequeno trecho da letra de I am mine:

I know I was born and I know that I'll die
The in between is mine
I am mine

Numa tradução livre, seria algo tipo:
Eu sei que nasci e sei que morrerei
O entre isso é meu
Eu sou meu


Agora vamos ler um trecho do poema Se depois de eu morrer, de Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa:


Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, 
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte. 
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.
(...)


Mas não é só isso!

Fernando Pessoa (1888 - 1935)

Modas vem e vão, canta o moço simpático da Bidê ou Balde. E o visual de Fernando António Nogueira Pessoa não esconde que o escritor que curtia um absinto tava por dentro do trend da época, seguindo o dress code de poeta torturado, com bigode, óculos e chapéu - como é sério o homem atrás dos óculos e do bigode (ops, esse é outro!).

Eddie Vedder, que não consegue esconder que é fã do portuga, entrega isso no outfit despojado de cantor de rock, com chapéu, óculos na mão (poser!), barba e segurando uma bebidinha (que não é absinto, poser²!).

Cosplay de Fernando Pessoa sem o absinto. Shame on you, Eddie!

Além disso, Eddie Vedder de uns tempos pra cá só quer saber de tocar ukulele. Até lançou um disco inteiro só tocando uke. Pois bem, o tal ukulele é um instrumento de corda que tem origem no século XIX, com uns portuga que levaram braguinhas (o cavaquinho dos Joaquim e Manuel) para o Havaí. Ou seja, quando Eddie Vedder está tocando ukulele, na verdade está tocando música portuguesa atualizada, homenageando Fernando Pessoa. Se bobear o próximo disco dele vai ser só de fados, com participação de Madredeus.


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Wasteland III




T.S. Eliot (1888–1965).  The Waste Land.  1922.


I. THE BURIAL OF THE DEAD

APRIL is the cruellest month, breeding
Lilacs out of the dead land, mixing
Memory and desire, stirring
Dull roots with spring rain.
Winter kept us warm, covering        
Earth in forgetful snow, feeding
A little life with dried tubers.
Summer surprised us, coming over the Starnbergersee
With a shower of rain; we stopped in the colonnade,
And went on in sunlight, into the Hofgarten,
And drank coffee, and talked for an hour.
Bin gar keine Russin, stamm’ aus Litauen, echt deutsch.
And when we were children, staying at the archduke’s,
My cousin’s, he took me out on a sled,
And I was frightened. He said, Marie,
Marie, hold on tight. And down we went.
In the mountains, there you feel free.
I read, much of the night, and go south in the winter.

What are the roots that clutch, what branches grow
Out of this stony rubbish? Son of man,
You cannot say, or guess, for you know only
A heap of broken images, where the sun beats,
And the dead tree gives no shelter, the cricket no relief,
And the dry stone no sound of water. Only
There is shadow under this red rock,
(Come in under the shadow of this red rock),
And I will show you something different from either
Your shadow at morning striding behind you
Or your shadow at evening rising to meet you;
I will show you fear in a handful of dust.



Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera.
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O verão; nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee
Com um aguaceiro. Paramos junto aos pórticos
E ao sol caminhamos pelas aleias de Hofgarten,
Tomamos café, e por uma hora conversamos.
Big gar keine Russin, stamm’ aus Litauen, echt deutsch.
Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,
Meu primo, ele convidou-me a passear de trenó.
E eu tive medo. Disse-me ele, Maria,
Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos.
Nas montanhas, lá, onde livre te sentes.
Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno.
Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham
Nessa imundície pedregosa? Filho do homem,
Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces
Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol,
E as árvores mortas já não mais te abrigam,
nem te consola o canto dos grilos,
E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas
Uma sombra medra sob esta rocha escarlate.
(Chega-te à sombra desta rocha escarlate),
E vou mostrar-te algo distinto

De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece
Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando;
Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.

(Trecho de “Terra Desolada”, tradução de Ivan Junqueira)