domingo, 19 de maio de 2013

Futebol com chuteiras pretas

Hoje é final da Tchêmpions, a série B do Campeonato Gaúcho de Futebol, a segunda divisão do popular Gauchão.

E em tempos de chuteiras coloridas e futebol dramático bailarino, nada mais anti-futebol moderno do que um São Paulo de Rio Grande vs Brasil de Pelotas pela divisão de acesso do Gauchão. É futebol de chuteira preta, sem moicanos e jogadores com nome no diminutivo.

E isso é futebol.

Inter x Caxias, Gauchão 2013 - Imagina o Neymar aí no meio? Não teria como, né.


E isso é futebol! Esporte em que um carrinho salvador pode ser mais bonito que um gol e é mais honroso levar o gol do que cavar falta. Aliás, quem cava falta deveria ser expulso. O melhor pro futebol é seguir o  jogo, contra todas as adversidades - metáfora para a vida. Por isso alguns são Messi e Celso Roth e outros são Denílson, Neymar e Joel Santana.



Futbol Uruguayo en su máxima expresión



Sempre detestei o Brasil de Pelotas. Pra mim são legião: Grêmio, Corinthians, CBF... o inimigo. Mas há que se admitir que é um time que tem mais torcida que muito clube de série A do Campeonato Brasileiro. É adversário à altura pro São Paulo de Rio Grande.

E a cidade de Rio Grande hoje respira futebol. Os ingressos para a decisão estão esgotados desde ontem. Felizmente a partida será transmitida para a zona sul do estado em televisão aberta - e pro resto do estado via TVCom, que tem link pra quem quiser ver pela internet.

Em uma das minhas viagens na infância, pelo interior do Rio Grande do Sul, vários vizinhos de banco de ônibus acharam que eu tinha cara de bom papo (e eu não tinha, só queria ler, malditos conversadores!). Uma dessas conversas foi com uma simpática senhora, que ao saber que eu gostava de futebol me disse ser a mãe do Badico, atacante histórico do São Paulo de Rio Grande. Ela me confidenciou que o Flamengo estava interessado em comprar o passe dele, o que nunca aconteceu. E foi melhor assim. Anteriormente, quando o Flamengo jogou contra o São Paulo não conseguiu ganhar.

Nem Zico não ganhou do São Paulo no Aldo Dapuzzo
Não vai ser o Brasil de Pelotas que vai fazer o crime

Que hoje as estrelas de Badico, Ernesto Guedes, Motor, Astronauta e Paulo Barroco, entre tantos outros, iluminem Aylon, Teco, Sapata & cia. Tá na hora de subir, São Paulo! 





EDIT:

É CAMPEÃO!

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Revenge

Em tempos de Taylor Swift, Jonas Brothers e vários outros artistas de plástico, que cantam com sorriso no rosto sobre temas amenos - mais inofensivos que uma borboleta cor de rosa, é bom lembrar de quando cantores não tinham assessoria de imprensa e podiam ser perigosos, ou no mínimo humanos.





Mas, enquanto houver força em meu peito
Eu nao quero mais nada
Só vingança, vingança, vingança
Aos santos clamar
Ela há de rolar como as pedras
Que rolam na estrada
Sem ter nunca um cantinho de seu
Pra poder descansar






How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?




Lupicínio Rodrigues (1914-1974) escreveu Vingança em 1951.
Like a Rolling Stone, de Robert Allen Zimmerman (1941), foi lançada em 1965.

Não acredito que um tenha escutado o trabalho do outro, no máximo alguém mostrou Vingança para o Bob Dylan muito tempo depois. A coincidência é produto da temática universal das duas canções e da genialidade dos dois compositores, lendo bem o seu tempo.

Nós apreciamos, vingados.



PS: Ainda tem gente que faz música sobre retribuir o tapa, as coisas não estão tão ruins.


PPS: E o sistema segue na luta pra incorporar todas as manifestações perigosas e transformar em algo palatável para o grande público. Aqui temos o negão cantando "fuck you!" transformado em loirinha que nunca desafinou na vida (com autotune) cantando "forget you". É foda!